Vimos no texto anterior (Mecânica Quântica e Visões de Mundo Espiritualistas - Parte I - As concepções da Mecânica Quântica que contribuem para o entendimento da espiritualidade) que o colapso quântico, seria um exemplo de “ação à distância”, isto é, onda e matéria ao mesmo tempo, em locais distantes entre si. Quando a onda é observada, ela “colapsa” e materializa.

        A partir da visão do físico John Wheeler, Wallace Liimaa, em seu livro "Princípios Quânticos no Cotidiano", nos traz que o colapso da função de onda introduz o observador como coparticipante da realidade do mundo quântico, tal que a natureza se apresenta como fruto da interação com o observador. Este participa de forma concludente no processo de materialização da coisa observada. E, continuando, Liimaa comenta: "Heisenberg ainda observou que não é mais possível falar da natureza sem falar de nós mesmos, o que nos leva a refletir sobre a conexão que temos com o todo, [...]".

        Em 1960, Eugene Wigner apoiado na concepção de John Von Neumann de que a consciência fosse a causa do colapso da onda, concebeu a consciência como parte da mente, o que acarretaria a ideia da mente acima da matéria - um mundo mental separado atuando sobre o mundo da matéria - a chamada causação descendente. Ou, como nomeia Rupert Sheldrake, causação formativa. Isto significa que a consciência, no colapso quântico, cria a realidade manifestada por meio da livre escolha dentre as possibilidades oferecidas. O observador é essencial para que ocorra o colapso, mas tal observador é apenas possibilidade antes da ocorrência do colapso. Como um evento quântico, a consciência se mostra apta não só em interagir com a dimensão exterior (colapso da função de onda), mas, também, em produzi-la.

        Com isto, a consciência não é mais vista como um epifenômeno do cérebro, mas como a base da existência, na qual todas as possibilidades materiais, inclusive o cérebro, estão incrustadas.

        Vimos também no texto anterior que a correlação quântica implica uma interconexão do Universo com trocas instantâneas de informação. O Universo, num sentido de unicidade, seria dotado de uma unificação de todos os eventos físicos - um Universo Holográfico, cuja principal característica é a de que qualquer parte do campo quântico contém tudo o que existe nesse campo. Assim, cada parte do holograma possui a informação do todo. A matéria enquanto uma série de campos de energia complexos e interligados é um tipo de padrão de interferência de energia, de tal forma que, se cada parte contém o todo, o espaço aparentemente vazio que nos rodeia armazenaria importantes informações.

        Richard Gerber, em seu livro "Medicina Vibracional", coloca: "Se esse holograma cósmico realmente existir, então, cada pedaço do universo contém informações relativas à constituição de todo o cosmo. Ao contrário de um holograma estático, o holograma cósmico é um sistema dinâmico que se altera de microssegundo para microssegundo.”

        Por volta de 1970, o físico David Bohm, baseado na teoria da não-localidade, desenvolveu uma versão da teoria quântica que fala de uma realidade na qual uma causa pode se propagar instantaneamente. Sua concepção baseada na noção de "ordem implicada" ou "implícita" salientou o aspecto holístico do universo quântico, tendo influenciado as posteriores correntes do misticismo quântico (tema de próximos textos).

        Na ordem implicada duas partículas emaranhadas teriam uma ligação ou dependência mútua que seria anterior ao espaço-tempo. Um elemento podendo se desdobrar em uma região extensa do Universo implicaria numa ordem total deste Universo. E mais, Bohm considerou que a realidade do Universo quântico é fundamentalmente multidimensional.

        Baseado na teoria do neurologista Karl Pribam que também se inspirou na holografia, Bohm especulou, ainda, que a ordem implicada se aplicaria tanto para a matéria quanto para a consciência.

        Em 1982, Alain Aspect e um grupo de pesquisadores demonstraram experimentalmente que para dois fótons correlacionados (entrelaçamento quântico), se a função de onda de um deles é posta em colapso, o mesmo ocorre com a função de onda do outro. Em seu livro A Física da Alma, Amit Goswami, um dos mais expressivos defensores da corrente filosófica do Idealismo, referindo-se ao experimento de Aspect, comenta: "Significa comunicação ou influência sobre a troca de sinais através do espaço-tempo - em outras palavras, uma conexão fora deste mundo. [...] Todo o mundo da experiência, inclusive a matéria, é a manifestação material de formas transcendentes de consciência. [...] (A consciência) Parece ser o único objeto existente no Universo, cuja prioridade é o princípio organizador fundamental não só da dimensão física, mas de todo e qualquer ser vivo."

        Rupert Sheldrake, biólogo, defendeu a existência de estruturas que se estendem pelo espaço-tempo, moldando a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material, vivos e não vivos, e que atuam desde as minúsculas partículas atômicas até as galáxias, estruturas essas que ele denominou campos mórficos (Wallace Liimaa).

        Em seu livro "O Renascimento da Natureza", Sheldrake nos diz sobre os campos mórficos:

        - não transportam energia, e sim informação;

        - sua intensidade não decai com o quadrado da distância como acontece com os campos estudados pela Física (gravitacional e eletromagnético);

        - são pura expressão da não localidade quântica: campos não físicos residindo fora do espaço-tempo.

        Sheldrake postulou a hipótese mais revolucionária da biologia contemporânea: a da Ressonância Mórfica, que seria uma difusão não intencional de informação. As mentes de todos os indivíduos de uma espécie, incluindo o homem, se encontram unidas e formando parte de um mesmo campo mental planetário. Ele denominou esse campo mental de Campo Morfogenético, que afeta as mentes dos indivíduos e as mentes destes também afetariam o campo. Os sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos constituem os campos morfogenéticos.

        "Os campos morfogenéticos interagem permanentemente com os sistemas vivos que se transformam constantemente por ressonância mórfica. Os campos morfogenéticos de Rupert assemelham-se ao corpo vital, conceito trabalhado na medicina oriental, associado à energia vital, prana, ki ou chi, que leva as informações através dos canais energéticos ou meridianos, proporcionando a comunicação, renovando e promovendo a interação e a integração entre todos os órgãos e organismos do corpo humano, fornecendo as matrizes para as funções vitais - os chakras." (Wallace Liimaa)

        Rupert Sheldrake sugeriu, ainda, que a consciência e a mente são mais amplas do que o cérebro, estando interconectadas através do espaço-tempo com alcance superior aos limites físicos do cérebro.

        No próximo texto (MECÂNICA QUÂNTICA E VISÕES DE MUNDO ESPIRITUALISTAS - Parte III - A ressonância mórfica e a coletivização da informação) conversaremos sobre a Ressonância Mórfica e Telepatia, Inconsciente Coletivo, Sincronicidade, Constelações Familiares e Microfisioterapia.

A MATRIZ DIVINA - Uma jornada através do tempo, do espaço, dos milagres e da fé. Gregg Braden. 3ª edição, 7ª impressão, 2017. Editora Cultrix. São Paulo, SP

A FÍSICA DA ALMA - A explicação científica para a reencarnação, a imortalidade e experiências de quase-morte. Amit Goswami. 2008. Editora ALEPH. São Paulo, SP.

PRINCÍPIOS QUÂNTICOS NO COTIDIANO - A dimensão científica da consciência e da espiritualidade. Wallace Liimaa. 2011. Editora ALEPH. São Paulo, SP.

MEDICINA VIBRACIONAL - Uma Medicina para o Futuro, de Richard Gerber. 1992. Editora Cultrix.

O RENASCIMENTO DA NATUREZA - O Reflorescimento da Ciência e de Deus. Rupert Sheldrake. 1993. Editora Cultrix. São Paulo, SP.

Sugestões de leitura e vídeo:

O FUTURO DA HUMANIDADE: Marte, viagens interestelares, imortalidade e o nosso destino para além da Terra. Michio Kaku. 1ª edição. 2018. Editora Critica/GrupoPlaneta. São Paulo, SP

UMA NOVA CIÊNCIA DA VIDA: a hipótese da causação formativa e os problemas não resolvidos da biologia. Rupert Sheldrake. 1ª edição, 2013. Editora Cultrix. São Paulo, SP.

CONSCIÊNCIA, TEMPO & ESPAÇO| Consciousness, Time & Space. Rupert Sheldrake. Video legendado: https://www.youtube.com/watch?v=s1-dbprH5aU

Bênçãos de Luz e Paz